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Como a sociedade pode saber o que fazemos dentro das enfermarias?

Como a sociedade pode saber o que fazemos dentro das enfermarias?

Por admin

2 minutos de leitura

Nosso trabalho artístico é peculiar no meio das artes cênicas. Fazemos o espetáculo para um número diminuto de espectadores. Estamos nos hospitais públicos periféricos de São Paulo, dentro de quartos e enfermarias onde realizamos uma intervenção para, em sua grande maioria, duas pessoas: uma mãe ou acompanhante e uma criança.

No final do dia passamos por 60 a 100 pessoas, entre crianças, acompanhantes, profissionais da saúde e público indireto, o que equivale ao público de um teatro. Mas são situações diferentes.

No teatro temos uma experiência coletiva, onde não somos nós quem escolhemos o público, mas é o público que nos escolhe assistir. No hospital somos nós que escolhemos quem vamos visitar. E escolhemos visitar todas as crianças das alas pediátricas onde somos autorizados a circular.

Outra diferença é que no teatro a experiência é coletiva. Todo público assiste a um mesmo espetáculo. A opinião sobre o trabalho pode divergir, mas a informação a que foram expostos é a mesma. Podem perguntar ao sair do teatro: O você achou? E o debate começa. Provocamos um assunto comum.

No hospital a experiência é individualizada e restrita. O que resulta numa performance, por parte dos palhaços, muito direcionada às necessidades daquela criança naquele momento. E isso é muito especial e contundente.

A experiência, portanto, é pessoal e intransferível. Essa contundência reverbera e há anos inspiramos outros grupos a fazerem esse mesmo trabalho. Acontece que o que conseguimos mostrar é sempre uma experiência indireta do trabalho. Quem vê e interage diretamente com os palhaços é o público que frequenta os hospitais e isso torna muito difícil revelar para o público externo o que é, afinal, nosso trabalho.

Como a sociedade pode saber o que fazemos dentro das enfermarias? Conseguimos isso através das reportagens, do nosso site e mídias sociais, através dos espetáculos, fazendo pesquisas de opinião sobre o trabalho e divulgando a qualidade dos artistas que engajamos em nosso elenco.

Mas durante essa pandemia abriu-se um novo canal de comunicação para divulgar quem somos. Começamos a fazer vídeos que são veiculados nos canais da organização.

O trabalho da equipe de comunicação fez com que o trabalho fosse acessado em meses por milhões de pessoas. Essa quantidade de visualizações ao nosso trabalho de formiguinha dentro do hospital não se alcança em tão pouco tempo.

Quando entendemos, lá pelos idos de abril, que a forma de entrarmos de maneira segura nos hospitais seria através dos vídeos, abriu-se um novo terreno artístico. E foi uma grata descoberta nos aproximarmos dos universos particulares de cada palhaço e palhaça. O bom desempenho dos artistas nos vídeos vem do trabalho continuado nos hospitais que aprimoram dia a dia a linguagem do palhaço.

A vivência semanal nos hospitais proporciona um treinamento contínuo, como no circo, onde os artistas vivem em contato diário com os treinos do picadeiro. O trabalho tanto do circo quanto dos hospitais é imersivo. Trabalhamos durante longas horas, interagindo com todas as pessoas que passam nos corredores e quartos dos hospitais. E esse trabalho intensivo tende a lapidar nossa linguagem.

“A vivência semanal nos hospitais proporciona um treinamento contínuo, como no circo, onde os artistas vivem em contato diário com os treinos do picadeiro. O trabalho tanto do circo quanto dos hospitais é imersivo.” Vera Abbud

Agora, com o trabalho do palhaço veiculado através de vídeo, temos a oportunidade de revelar massivamente para sociedade o propósito da associação Doutores da Alegria.

Penso que a comunicação da organização tem feito dois milagres. O primeiro é fazer com que a organização tenha credibilidade para existir e essa credibilidade faz com que sejamos financiados pela sociedade que acredita no trabalho. Outra ação incrível é fazer com que nosso trabalho tenha uma entrada positiva e potente num mundo competitivo como o das mídias sociais.

Eu me pergunto se o fato de fazermos um trabalho só acessado com visibilidade indireta ajudou a espalhar um conceito de palhaço superficial, em que apenas o uso de um jaleco, roupas incomuns e um nariz vermelho já se configurem um palhaço.

Como conseguir passar a dimensão do jogo e as relações que os palhaços tecem em parcos minutos de reportagem? Talvez não seja possível dizer o que é palhaço ou arte, com a devida contundência, através dos recursos que a comunicação dispõe.

Vale lembrar que muitas instituições e grupos fazem o trabalho de palhaço em hospital com excelência e estão há anos investindo em formação e adquirindo experiência. Esse profissionalismo também é inspirado na experiência da Doutores, acredito.

A exposição direta dos atores e atrizes do grupo ao público através do Delivery Besteirológico talvez seja uma oportunidade de abrir um novo diálogo com a sociedade sobre o que, afinal, é um palhaço.

A diversidade parece ser a melhor resposta, pois há muitos modos de expressão possíveis dessa palhaçaria e podemos ver essa potência no Delivery. Não temos como ver os efeitos dessas visualizações ainda, mas temos essa nova janela para falar sobre arte e palhaçaria.

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Politica de privacidade

LEI GERAL DE PROTEÇÃO DE DADOS – LGPD

Considerando que:

I – DOUTORES DA ALEGRIA é uma associação civil sem fins lucrativos, e tem como propósito “intervir na sociedade propondo a arte como ‘mínimo social’ para crianças, adolescentes e outros públicos em situação de vulnerabilidade e risco social, privilegiando hospitais públicos e ambientes adversos, tendo a linguagem do palhaço como referência. A partir desta intervenção, ampliar canais de diálogos reflexivos com a sociedade, compartilhando o conhecimento produzido através de formação, pesquisa, publicações e manifestações artísticas, contribuindo para a promoção da
cultura e da saúde e inspirando políticas públicas universais e democráticas para o desenvolvimento social sustentável”


II –
Esta política de privacidade, foi elaborada nos termos da Lei no 13.709, de 14 de agosto de 2018 e tem por objetivo a proteção dos dados pessoais que são coletados e gerados quando você se relaciona de alguma forma com a associação DOUTORES DA ALEGRIA. Além disso, explica como seus dados pessoais são usados, compartilhados e protegidos, quais opções você tem em relação aos seus dados
pessoais e como você pode nos contatar.

1. A quem se aplica?

Se você está lendo este documento, esta política se aplica a você. As orientações
mencionadas se aplicam aos dados coletados de parceiros, doadores, alunos,
prestadores de serviços, associados, fornecedores, sócios da alegria, público em
geral, diretores, conselheiros, consultores, empregados da associação DOUTORES
DA ALEGRIA.

2. Definições e termos:

Alguns termos que irão ajudar você a entender todas as orientações desta política:

Tipos de dados:

Dado pessoal: informação relacionada a pessoa natural identificada ou identificável;

Dado pessoal sensível: dado pessoal sobre origem racial ou étnica, convicção
religiosa, opinião política, filiação a sindicato ou a organização de caráter religioso,
filosófico ou político, dado referente à saúde ou à vida sexual, dado genético ou
biométrico, quando vinculado a uma pessoa natural;

Dado anonimizado: dado relativo a titular que não possa ser identificado,
considerando a utilização de meios técnicos razoáveis e disponíveis na ocasião de
seu tratamento;

Banco de dados: conjunto estruturado de dados pessoais, estabelecido em um ou
em vários locais, em suporte eletrônico ou físico;

Titular: pessoa natural a quem se referem os dados pessoais que são objeto de
tratamento;

Uso dos dados

Acesso: Ato de ingressar, transitar, conhecer ou consultar a informação, bem como possibilidade de usar os ativos de informação de um órgão ou entidade, observada eventual restrição que se aplique;

Armazenamento: Ação ou resultado de manter ou conservar em repositório um dado;

Arquivamento: Ato ou efeito de manter registrado um dado embora já tenha perdido a validade ou esgotado a sua vigência;

Avaliação: Analisar o dado com o objetivo de produzir informação;

Coleta: Recolhimento de dados com finalidade específica;

Controle: Ação ou poder de regular, determinar ou monitorar as ações sobre o dado;

Difusão: Ato ou efeito de divulgação, propagação, multiplicação dos dados;

Distribuição: Ato ou efeito de dispor de dados de acordo com algum critério estabelecido;

Eliminação: Ato ou efeito de excluir ou destruir dado do repositório;

Extração: Ato de copiar ou retirar dados do repositório em que se encontrava;

Processamento: Ato ou efeito de processar dados visando organizá-los para
obtenção de um resultado determinado;

Produção: Criação de bens e de serviços a partir do tratamento de dados;

Recepção: Ato de receber os dados ao final da transmissão;

Reprodução: Cópia de dado preexistente obtido por meio de qualquer processo;

Transferência: Mudança de dados de uma área de armazenamento para outra, ou
para terceiro;

Transmissão: Movimentação de dados entre dois pontos por meio de dispositivos
elétricos, eletrônicos, telegráficos, telefônicos, radioelétricos, pneumáticos, etc.;

Utilização: Ato ou efeito do aproveitamento dos dados.

3. Princípios Gerais sobre o tratamento de dados pessoais adotados pela associação DOUTORES DA ALEGRIA:

•  Os titulares de dados pessoais sempre serão informados sobre quais dados
serão coletados e sua finalidade;
•  Os dados pessoais serão utilizados somente mediante autorização formal
de seus titulares;
•  Somente serão solicitados os dados pessoais de principal relevância para
o projeto previamente estabelecido e limitados a ele;
•  Os dados pessoais serão mantidos corretos e atualizados pelo período
necessário de acordo com sua finalidade;
•  O banco de dados pessoais será mantido em local protegido e seguindo os
mais rigorosos protocolos de segurança;
•  A identidade dos titulares de dados será preservada, principalmente
tratando-se de dados sensíveis;
•  Os titulares de dados pessoais podem a qualquer momento solicitar a
correção, atualização ou exclusão de seus dados da nossa base.

4. Quem é o responsável pelo tratamento de seus dados?

A associação DOUTORES DA ALEGRIA é a responsável legal pelo armazenamento
e eventual tratamento, bem como pela segurança de todos os dados coletados.

Mesmo em projetos e ações que sejam viabilizados em cooperação ou parceria com outras organizações e empresas, nos quais a responsabilidade pode ser dividida, os princípios gerais desta política são mantidos.

5. Quais dados coletamos e por quais motivos?

Coletamos, processamos e arquivamos as seguintes categorias de Dados Pessoais
sobre você:

6. Como armazenamos e quem tem acesso aos seus dados? Armazenamento

Seus dados pessoais (incluindo dados sensíveis) são armazenados seguindo
as medidas de segurança apropriadas para impedir que suas informações sejam
acessadas ou processadas para fins que não estejam de acordo com nossas práticas de inclusão e diversidade.

Acesso
Os bancos de dados utilizados para armazenamento possuem acesso restrito aos nossas trabalhadores e empregados e /ou parceiros que tenham um motivo legítimo e justificável para acesso e/ou tratamento de seus dados pessoais.

7. Por quanto tempo mantemos seus dados pessoais?

Suas informações pessoais serão mantidas pelo tempo que for necessário para
cumprir as finalidades estabelecidas nesta política de privacidade (a menos que um período de conservação mais longo seja exigido pela lei aplicável).

8. Quais são seus direitos em relação aos dados pessoais?

Quando necessário você receberá um documento de consentimento da associação DOUTORES DA ALEGRIA, se estiver de acordo, deve assinar ou autorizar virtualmente.
Além disso, você tem os seguintes direitos em relação aos seus dados pessoais:

9. Aperfeiçoamento da Política de Provacidade

A associação Doutores da Alegria compromete-se a periodicamente revisar e
aperfeiçoar a presente política, além de dar ampla visibilidade a este documento,
mediante a publicação do mesmo no site da organização.

10.Base legal utilizada

Esta Política de Privacidade foi baseada na Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais, Lei no 13.709/2018 e orientações do Guia de Boas Práticas da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais realizado pelo Governo Federal.

11.Outras Informações

Dúvidas a respeito da aplicação desta Política e da adequação de qualquer conduta relativa a dados pessoais deverão ser enviadas para o e-mail
doutores@doutoresdaalegria.org.br

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