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Eu tinha esquecido dessa tal humanidade. O hospital me fez lembrar.

Eu tinha esquecido dessa tal humanidade. O hospital me fez lembrar.

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É muito genuíno o sentimento de humanidade que a situação de internação num hospital traz.

Talvez seja o momento da vida em isso mais aflora. Ou quem sabe seja o fato de termos que parar de nos preocupar com coisas da vida mundana para realmente sentir e viver o presente. Porque não importa mais se o trânsito está pesado ou se acabou o arroz em casa, importa agora se vou aguentar o tranco.

E, para isso, é preciso contar com pessoas. Estrutura também, remédios, um pouco de sorte, mas principalmente pessoas.

São joãozinho - Restauração - Lana pinho-33

Recentemente passei uma semana entre o quarto e a UTI. Duas ambulâncias, dois hospitais, muitos exames, picadas, diagnósticos, corredores. O termo “paciente” é mesmo pra justificar o tempo que se espera e a condição de entrega, sem muita reação, ao tratamento. Etimologicamente, “paciente” deriva do latim pati e do grego pathe, que significam “sofrer” ou “aguentar”.

Mas eu volto à humanidade.

Assim que sofri o acidente, abri meus olhos e vi à volta dezenas de pessoas em plena rodovia. Você está bem, Gabi? Não se mexa. Calma que a ambulância já vai chegar. Quer que avise algum parente? Reclamavam de quem passava de carro devagarzinho só pra olhar. Faziam sombra para que o sol não atingisse os machucados já doloridos. Uma pena que, deitada, não pude enxergar o rosto de nenhum deles.

Durante esta semana recebi, talvez como em nenhum aniversário, o carinho de muitas pessoas. Em forma de palavras, de visitas, de lembranças e até de posts no Facebook, e foi incrível como isso ajudou no meu fortalecimento. Eu realmente senti a energia que esses amigos passavam.

Mas o que mais me tocou – e ainda toca – foi o que recebi dos profissionais de saúde. A humanidade de cada um em gestos simples como trocar a fralda, dar um banho numa cadeira de rodas depois de dias no leito ou trocar o acesso às veias de forma gentil. Lembro-me da fisioterapeuta que me guiava delicadamente pelos corredores, do rapaz que me ofereceu um cobertor na sala da tomografia, do motorista da ambulância que pedia desculpas após passar na lombada, do médico que me deu alta com um sorriso no rosto.

Na clausura da UTI, só me restava me apegar a estas pessoas. Desejar que estivessem felizes por deixar a família e trabalharem durante a madrugada fria naquele lugar, me fazendo companhia. Cuidando. Nunca fui de me apegar à metafísica, prefiro me apoiar no que posso ver e tocar.

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Ali também entendi, de forma verdadeira e forte, o significado do trabalho dos Doutores da Alegria. A falta que a imaginação despreocupada, a brincadeira e o riso fazem durante a internação – e a importância de manter uma atitude positiva. Pensei na poesia que é preciso ter para quebrar algumas barreiras e tentei supor como seria passar por isso enquanto criança ou idoso e, claro, lembrei do caso do Mateus e da Gabi, moradores de uma UTI, cujo sonho era ver a lua.

Nas duas semanas seguintes, já fora do hospital, valorizei cada pequena vitória e também o privilégio de ter uma família para me amparar naquele momento frágil. Agradeci por poder tomar um solzinho, olhei como pela primeira vez a grama verdinha que nascia na terra, me encantei com a sabedoria do corpo humano.

O tempo passou rápido.

Aos poucos, a vida vai puxando para o centro da roda de novo e o futuro começa a fazer mais parte dos pensamentos que o presente. Mas em tempos tão esquisitos, com hospitais sucateados e a saúde do país agonizando, essa brutal experiência me levou a acreditar neste fio invisível que nos liga: a humanidade. Obrigada a todos.

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II –
Esta política de privacidade, foi elaborada nos termos da Lei no 13.709, de 14 de agosto de 2018 e tem por objetivo a proteção dos dados pessoais que são coletados e gerados quando você se relaciona de alguma forma com a associação DOUTORES DA ALEGRIA. Além disso, explica como seus dados pessoais são usados, compartilhados e protegidos, quais opções você tem em relação aos seus dados
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Processamento: Ato ou efeito de processar dados visando organizá-los para
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Reprodução: Cópia de dado preexistente obtido por meio de qualquer processo;

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A associação Doutores da Alegria compromete-se a periodicamente revisar e
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mediante a publicação do mesmo no site da organização.

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Esta Política de Privacidade foi baseada na Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais, Lei no 13.709/2018 e orientações do Guia de Boas Práticas da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais realizado pelo Governo Federal.

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