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Ana Flávia
Atriz, palhaça e arte educadora. Atua como Dra. Nana na Doutores da Alegria, em Recife, desde 2018.
Quando entramos pela primeira vez naquela enfermaria no fim do corredor do Hospital Oswaldo Cruz, depois de tanto trabalho, tivemos a seguinte visão aconchegante: uma mãe com a criança no colo dentro do berço de grades altas. Sim, ambos estavam dentro do berço. E o pai de pé, bem ao lado do berço.
Os três tinham a mesma fisionomia. Cabelos bem pretos, com um corte reto, olhos puxados e a pele sem medo do sol. Havia uma certa insegurança no rosto do casal, misturada com um tanto de ingenuidade, sorriso tranquilo e olhar puro.
Entramos despidos de imposição de costumes. Aos poucos, dando tempo ao tempo, fomos tentando entender quem eram aquelas pessoas. De cara, percebemos que eles não falavam bem a nossa língua.
Dr. Dud Grud começou a imitar vários tipos de pássaros, mas quando chegava na arara, o pai yanomami abria um sorriso largo. O pequeno Zenze, aparentando ter meses de vida, permanecia no colo da mãe.
Eis que fomos surpreendidos pela alegria do pai em partilhar uma dança e uma música conosco. Acolhemos, aprendemos e nos emocionamos. Em troca, cantamos uma música indígena que conhecemos. Os curumins (as crianças) cantam e dançam esta canção para evocar a cura pra aldeia.
Fomos embora. Mas Dra. Nana ficou encantada com aquele encontro e, mais tarde, em sua casa, fez uma pesquisa sobre a cultura indígena e nos apresentou a música “Yapô”. Na visita seguinte, encontramos a família ainda no hospital.
Então nos preparamos, nos colocamos à frente de todos, com as mãos e os corações abertos, trocamos olhares e começamos a cantar e a dançar:
Outra se ergueu também – era a mãe yanomami. E ao lado, descobrindo-se do lençol de forma bem engraçada, surgiu o pai, batendo palmas com um sorriso que nos atingiu como uma flecha certeira! Ele se juntou a nós para cantar e dançar para o pequeno.
Como foi lindo de ver três palhaços e um índio, essa tribo improvável, exercitando toda sua humanidade num puro “ultrassom” para Zenze. Saímos de lá imaginando aquelas pessoas voltando para seu povo, para o seu lugar, saindo dessas caixas que nos aprisionam, sendo protegidos e protegendo nossas florestas, plantados no mais profundo da terra, falando a língua dos pássaros e se banhando em águas cristalinas.
Perdoem-nos! Essa imagem poética é ingênua, nós sabemos que a realidade do índio no país é outra. Mas é que esse é nosso desejo mais íntimo pra população indígena brasileira. Mania nossa de sonhar com um mundo mais justo.
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Que experiência bacana e emocionante !!! Quanto ainda temos que aprender com essa Cultura !!!