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Marcelino Dias
Ator e gestor cultural. Atua como Dr. Micolino na Doutores da Alegria, em Recife, desde 2003.
Às vezes, coisas grandes parecem tão distantes e, às vezes, coisas pequenas até parecem impossíveis. Hoje, no quarto do L., aconteceu uma pequena grande surpresa. O que para muitos pode ser um pequeno gesto para a realidade, para ele foi uma grande conquista: ele bateu palmas.
Pode até parecer tão pouco, mas para a realidade dele foi um verdadeiro aplauso. O L. vive num mundo que é bem dele e até mesmo para nós, besteirologistas, não é fácil atravessar essa fronteira.
Na verdade, não sabemos onde começam ou terminam os limites desse mundo, mas o simples fato de ele bater palma mostrou-se como um grande aplauso, pois por um instante o muro que separa o mundo dele abriu suas fronteiras e nos permitiu a migração para um breve encontro.
Simples assim. Num mundo cada vez mais dividido, esses momentos mostram de fato que o instante é breve e que tudo vale a pena. Há sempre uma preparação nessa vida para pequenas e grandes coisas, todas necessitam de um preparo. Nós nos preparamos para atender nossos pacientes e, a partir de cada encontro, pode surgir um mote para os próximos atendimentos, e isso vai fortalecendo os vínculos e criando possibilidades.
Mas tem dias que somos surpreendidos. Foi o que aconteceu com a P. Em uma de nossas passagens pelo ambulatório, ela descobriu que o Dr. Eu tem medo de um ratinho de estimação do Dr. Micolino. A diversão estava garantida.
Passaram-se alguns dias e a P. estava numa enfermaria. Como de costume, chegamos, pedimos licença, entramos… E já dava pra perceber que havia algo no ar: a menina e a mãe dela cruzavam olhares, com um sorriso de canto de boca. O que poderia acontecer?
– Temos uma surpresa para os Doutores!, disse a mãe.
Elas falaram que era um livro e que o Dr. Eu precisava ler uma estória. Ele mal conseguia disfarçar a ansiedade, era sorriso de canto a canto. Nem sabia de que lado segurar o livro, que foi entregue nas mãos dele pela própria menina. Estava bem fechadinho e já marcado na página onde deveria ser aberto para a leitura.
Elas começaram uma série de recomendações: para abrir com muito cuidado, que era frágil, e que abrisse devagar, etc e tal. Nossa, quanta coisa pra uma leitura rápida de uma estória! E as duas sempre trocando olhares, o riso quase saltando.
Quando o livro foi aberto, dentro estava um ratinho de borracha! Dr. Eu mudou de cor, o choro ficou preso enquanto os risos da P., da mãe dela e do pai ecoavam soltos pelo quarto! E quanto mais o palhaço chorava, mais eles riam.
E assim, de surpreendedores, passamos para surpreendidos. Essa história nos faz acreditar que vale a pena deixar que as pequenas coisas nos surpreendam, pois assim elas podem tomar um grande sentido em nossas vidas.
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