.
Para melhor visualização do site, utilizar navegador Google Chrome.
Wallace Martins
Produtor cultural. Atua na equipe do Plateias Hospitalares, no Rio de Janeiro, desde 2014.
Ter na agenda de novembro do projeto Plateias Hospitalares, mês da comemoração e reflexão sobre a Consciência Negra no Brasil, a presença de artistas pretos realizadores de conteúdos que valorizam a cultura africana em diásporas me faz pensar no sentimento de representatividade e de potência que pode ser despertado no público dos hospitais públicos do Rio de Janeiro.
Estar visível e ocupar espaços para relembrar a nossa história cultural possibilita o conhecimento sobre o passado e o empoderamento para que consigamos ter um futuro com mais respeito e tolerância racial.
“Estar visível e ocupar espaços para relembrar a nossa história cultural possibilita o conhecimento sobre o passado e o empoderamento para que consigamos ter um futuro com mais respeito e tolerância racial.”
Percebo neste circuito hospitalar cultural negro a conexão entre o público e a arte quando, em um jogo lúdico na contação de histórias afro-brasileiras e africanas, o paciente toma o lugar da protagonista e conta suas experiências como capoeirista, seu apelido nas Rodas de Capoeira e, mesmo limitado ao acesso venoso, desafia a atriz Juliana Correa na dança e na ladainha, como aconteceu no Hospital Estadual Alberto Torres, em São Gonçalo, na apresentação do espetáculo “Entre contos africanos e afro-brasileiros”.
Bingo! A conexão entre a proposta oferecida e a recebida através do lúdico aconteceu. A comemoração deste recorte racial agrega também uma reflexão sobre a contribuição na arte desses artistas e sobre a importância da sua memória, reacendendo o combate ao racismo naqueles que estão etiquetados nos hospitais como pacientes, visitantes ou profissionais da saúde.
E nas apresentações, principalmente neste mês comemorativo, vejo dois fatores recorrentes que me fazem questionar o lugar do preto na sociedade: poucos médicos e a significativa quantidade de faxineiros e enfermeiros pretos, em sua maioria mulheres. Como produtor preto na cidade do Rio de Janeiro, me preocupa a ideia do racismo ainda nos impedir de estar em qualquer lugar ou de haver espaços específicos para serem ocupados por pessoas pretas que fazem arte. Lugar de preto é em todo lugar!
“Como produtor preto na cidade do Rio de Janeiro, me preocupa a ideia do racismo ainda nos impedir de estar em qualquer lugar ou de haver espaços específicos para serem ocupados por pessoas pretas que fazem arte. Lugar de preto é em todo lugar!”
Em nossas cúmplices trocas de olhares víamos as expressões faciais, algumas vezes incômodas, nas plateias improvisadas em enfermarias e brinquedotecas, quando surgiam no “palco” reis e fadas pretos, nas mitologias africanas sobre a criação do mundo, nos movimentos das danças dos orixás, nos figurinos ricos em cores, miçangas, turbantes, búzios… Víamos também expressões de identificação que motivavam o orgulho sobre a nossa história de resistência, almejando uma sociedade democrática de direitos.
Em conversas da produção com os artistas afros ficou marcada a necessidade da troca de conhecimentos sobre a nossa história cultural. Seja qual for a cultura, não podemos deixar de motivar as formas de representações artísticas que podemos ter para fazer valer o pertencimento em uma sociedade cheia de preconceitos.
E ir além, criar o hábito do ouvir, compreender e repassar adiante a luta que tivemos, quem somos hoje e em qual tipo de sociedade queremos estar.
arte besteirologista canal dos Doutores no Youtube choro ciclo de palestras Conta Causos coronavírus Delivery Besteirológico despedida Doutores da Alegria encontro encontro Escola Escola Doutores da Alegria espetáculo histórias de hospital homenagem homenagem hospital live médico música música palhaço palhaço palhaços em rede palhaços em rede pandemia plateias hospitalares Programa de Formação de Palhaço para Jovens quarentena Raul Figueiredo Raul Figueiredo reflexão reflexão relatório Rio de Janeiro saudade saúde saúde teatro teatro visita virtual Wellington Nogueira Wellington Nogueira
Linda reflexão, Wallace! Parabéns pelo empoderamento diário!