.
Para melhor visualização do site, utilizar navegador Google Chrome.
Doutores da Alegria
Doutores da Alegria faz 30 anos. A organização que introduziu o trabalho do palhaço profissional no universo da saúde e produziu conhecimento a partir disso celebra os avanços do acolhimento hospitalar com a arte agora presente em hospitais em todo o país. E levanta a bandeira da cultura como direito fundamental para o equilíbrio de uma sociedade que lida com desigualdades e distensões sociais.
Criada em 1991 pelo ator Wellington Nogueira, a partir de uma experiência pioneira nos Estados Unidos, Doutores da Alegria inaugurou uma tecnologia social que expandiu o campo de atuação de artistas, fortaleceu a humanização na saúde pública e propôs um circuito de artes nos hospitais.
Tudo começou a partir do entendimento da alegria como resultado de encontros potentes, onde o palhaço constrói com a criança uma nova história e, juntos, direcionam o olhar para o lado saudável da vida, em um ambiente adverso como o hospital.
A leveza desse encontro e o convite para a brincadeira assumem o risco de romper com o esperado e contemplar o imprevisível.
O terreno fértil que originou diversas ONGs nos anos 1990 foi ganhando profissionalização ao longo dos anos, com legislação voltada ao setor, formação de redes e avaliações que comprovaram seu impacto positivo para resgatar a cidadania da população.
Foi nesse celeiro que Doutores da Alegria tomou corpo. Entendeu que o que passa pela porta do hospital é reflexo do que acontece na sociedade.
Assim, apoiada numa visão multidisciplinar, juntando diversas expertises profissionais, além da artística, a organização avançou para outros estados. Investiu em uma escola, assumindo o desafio de transpor a linguagem do palhaço para novos espaços de aprendizagem, desenvolveu criações artísticas e pautou reflexões públicas a partir da experiência vivenciada pela parceria da arte com a saúde pública.
A partir do Programa Nacional de Humanização do Atendimento Hospitalar, Doutores da Alegria foi reconhecida como prática importante que contribuiu para o entendimento de como melhorar o acolhimento de pacientes, em especial nas pediatrias, que até então pouco se diferenciavam das enfermarias de adultos.
Esse reconhecimento impulsionou tanto gestores hospitalares como indivíduos e grupos em todo o país a pensarem que a linguagem do palhaço poderia ser aliada para enfrentar os desafios do sistema hospitalar.
O dia 28 de setembro, data em que a associação foi fundada, se tornou Dia Estadual dos Doutores da Alegria pelas Assembleias Legislativas de São Paulo e Recife.
Nos últimos anos, alguns movimentos delinearam o terceiro setor. A tecnologia e os novos meios de comunicação exigiram mais transparência e posicionamentos sobre temas em ebulição na sociedade. Por outro lado, a aridez do debate público marginalizou organizações da sociedade civil, assim como o trabalho de quem vive dignamente de arte.
Em 2016, Doutores da Alegria riscou o chão. Formalizou uma nova governança, com eleições para compor a diretoria estatutária e redefiniu sua tarefa institucional, levantando a bandeira da arte e cultura como direito de todos, como mínimo social na cesta básica dos brasileiros.
Por meio de avaliações de impacto social, a associação mediu resultados de seus projetos e concluiu que a presença contínua de artistas profissionais no ambiente hospitalar ainda era de extrema relevância.
A crise sanitária, econômica e política que escancarou as mazelas do país também revelou a potência de associações que agiram para mitigar os impactos da Covid-19 entre as populações mais vulneráveis. Mais de R$ 7 bilhões foram destinados a iniciativas que salvaram pessoas da fome, da doença e da desinformação.
Há três décadas inserida no contexto hospitalar, propondo a arte do palhaço como contraponto à doença, Doutores da Alegria tomou a difícil decisão de se afastar, pela primeira vez em 28 anos, de profissionais de saúde e pacientes como maneira de mitigar o vírus dentro do SUS.
À distância, desenvolveu conteúdos diversos, incluindo um festival ao vivo de sete horas, e fez visitas virtuais, por meio de tablets, a crianças e adultos hospitalizados. De maneira generosa e cuidadosa, manteve sua equipe unida e preservada em momento de escassez de recursos na área artística.
Com a imunização completa de seus artistas, que em 2021 começam a retomar as visitas presenciais, Doutores da Alegria prepara uma comemoração para seus 30 anos.
O Conta Causos online marcou o início da festa, com palhaços narrando ao vivo histórias significativas dessa trajetória. Um documentário revela os bastidores da organização durante a pandemia. Um podcast de três episódios traz uma conversa sobre a palhaçaria para curiosos. Um livro conta o processo institucional de mudança de governança.
E a segunda edição do Festival Miolo Mole, agora elevando a discussão da arte como direito fundamental, encerra as comemorações e dá as boas-vindas ao novo ciclo, com os velhos e grandes novos desafios colocados à sociedade brasileira.
É como a gente sempre diz: as nossas mais sinceras narigadas.
Aos mestres palhaços que vieram antes de nós, ao visionário Wellington Nogueira, ao Michael Christensen, a todos os profissionais que passaram pela organização, às crianças e profissionais de saúde que dão o tom deste ofício, às empresas e pessoas que abraçaram a causa, ao público que sempre marca presença e a todos aqueles que insistem na arte como semeadora de pequenas e grandes descobertas.
Obrigada. E viva os 30 anos de Doutores da Alegria!
arte besteirologista canal dos Doutores no Youtube choro ciclo de palestras Conta Causos coronavírus Delivery Besteirológico despedida Doutores da Alegria encontro encontro Escola Escola Doutores da Alegria espetáculo histórias de hospital homenagem homenagem hospital live médico música música palhaço palhaço palhaços em rede palhaços em rede pandemia plateias hospitalares Programa de Formação de Palhaço para Jovens quarentena Raul Figueiredo Raul Figueiredo reflexão reflexão relatório Rio de Janeiro saudade saúde saúde teatro teatro visita virtual Wellington Nogueira Wellington Nogueira