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Doutores da Alegria
As besteirologistas Xaveco Fritza e Juca Pinduca foram alertadas sobre um caso delicado na Pediatria do Hospital do Mandaqui.
O menino D., de treze anos, estava internado. Por causa de um acerto de contas entre traficantes, ele apanhou e levou tiros na perna. Ele trouxe consigo todo o peso da tragédia de sua vida, não somente pelo estado clínico que se encontrava, mas principalmente pelo linguajar, com muitas frases obscenas, palavrões e ameaças.
Munidas de música, poesia e bobagens, as palhaças entraram em seu quarto, que estava bastante pesado para as outras três crianças, mais ou menos da mesma idade, juntamente com seus acompanhantes. Todos apavorados com a situação.
As duas sabiam que atrás daquela fúria existia um olhar de criança escondido. Esta era a única certeza que elas tinham e com isso trabalharam. Após muitas palavras de recusa, D. se escondeu nas cobertas. Até que…
Ei! E aquela gaita nas costas dela? – perguntou ele para a Dra. Xaveco, que logo respondeu:
Não é gaita, é um acordeon. Uma sanfona… Quer ver?
Posso tocar?, disse ele.
Você sabe?
E ele, orgulhoso demais para dizer que não sabia: Sei!
A besteirologista então propôs um teste e disse que, se ele passasse, poderia tocar no forró junto com elas. Ele achou o absurdo engraçado, esboçando pela primeira vez um sorriso. A Dra. Pinduca entregou a ele o acordeon e ajudou com os acordes. O menino se entregou totalmente à curiosidade daquele som. Após saciar a sua vontade, como criança inquieta que é, disse que queria tocar o outro instrumento.
Esta é uma clarineta. Você não pode tocar porque tem de colocar a boca aqui e eu já fiz isso, entendeu? Podemos fazer uma serenata se você aplaudir no final. Topa?
Diante da promessa de aplausos, elas prepararam um pequeno palco com as escadinhas da cama e tocaram como se estivessem em um grande concerto. E estavam mesmo… Quando a música terminou, todos aplaudiram, inclusive o menino!
Exageradamente emocionadas com o suposto sucesso do concerto, as besteirologistas distribuíram autógrafos nos seus bloquinhos coloridos com frases absurdas, porém amorosas. Antes de sair do quarto, a Dra. Xaveco viu o menino arrancando um pedaço de esparadrapo do seu curativo.
O que você está fazendo?, perguntou ela.
Quero colar essa lembrança aqui na cama, disse olhando o pequeno papel com muito carinho. Apesar de todo o contexto social que o embalara, D. era uma criança envolvida em um momento de sonho e poesia.
Dra. Xaveco Fritza (Val de Carvalho)
Dra. Dona Juca Pinduca (Juliana Gontijo)
Hospital do Mandaqui – São Paulo
Março de 2013
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Com música, poesia e besteiras(risos) vocês realizam a dura tarefa de lembrar uma criança de que ele é apenas uma criança!! Que trabalho maravilhoso. Parabéns!!
Coisa mais lindaaaaa!!! Olhar além das palavras, dos gestos e de tudo o que aparenta ser… Trabalho digno de muitos aplausos \o/
Emocionante, parabéns pela sensibilidade, amor, carinho e alegria. Belo trabalho!
Caíram lágrimas. Que coisa bonita. Vocês fazem um trabalho incrível e tiram sorrisos de pessoas em estados bem complexos. Fazem com que o paciente transcenda o que está ocorrendo por alguns instantes e que tenho certeza que muda o tratamento para muito melhor. Admiro muito o trabalho de vocês! Parabéns 🙂
Queridos,choro quando leio seus relatos,me emociono,também encontro em meu caminho besteirológico muitas histórias…Histórias,senhoras histórias de encontros assim,pulsantes,transformadores e sou infinitamente grata à vocês, em especial ao querido Wellintong Nogueira por ter trazido este amor imenso para nosso país.Amo vocês!